quarta-feira, 20 de maio de 2009

As pedagogias do "aprender a aprender" e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento: resumo do texto.

Newton Duarte
Universidade Estadual Paulista
Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar

Newton Duarte defende a tese de que a assim chamada pedagogia das competências é integrante de uma ampla corrente educacional contemporânea a qual ele chama de pedagogia do “aprender a aprender” o que significa aprender sozinho.
As pedagogias das competências, assim como o construtivismo, a Escola Nova, os estudos na linha “professor reflexivo”, etc., fazem parte do grupo das pedagogias do “aprender a aprender”, pois existem entre eles ideários semelhantes.
Para que sejam entendidas as relações entre as ilusões das sociedades de conhecimento e as pedagogias do “aprender a aprender” é necessário conhecer quatro posicionamentos que mostram a essência desse lema educacional.
O primeiro posicionamento seria o de que são mais desejáveis as aprendizagens que o indivíduo realiza por si mesmo, sem que haja a transmissão por outros indivíduos, de conhecimentos e experiências. As pedagogias “aprender a aprender” estabelecem uma hierarquia valorativa na qual aprender sozinho situa-se num nível mais elevado do que a aprendizagem resultante de da transmissão de conhecimentos por alguém.
O segundo posicionamento seria de que é mais importante o aluno desenvolver um método de aquisição, elaboração, descoberta, construção de conhecimentos, do que esse aluno aprender os conhecimentos e descobertas feitas por outra pessoa. O mais importante seria adquirir o método cientifico do que a conhecimento.
O terceiro posicionamento valorativo seria o de que a atividade do aluno deve ser impulsionada e dirigida pelos interesses e necessidades da própria criança para ser verdadeiramente educativa.
O quarto posicionamento é o de que a educação deve preparar os indivíduos para acompanharem a sociedade em acelerado processo de mudança, onde o individuo deve aprender a adaptar-se e a atualizar-se para não ficar condenado à defasagem do seu conhecimento. O “aprender a aprender” se apresenta assim como uma arma de competição por postos de trabalho na luta contra o desemprego, uma concepção educacional voltada para a capacidade adaptativa dos indivíduos.
Aos educadores caberia conhecer a realidade social não para fazer a critica a essa realidade e construir uma educação comprometida com as lutas por uma transformação social radical, mas sim para saber melhor quais competências a realidade social esta exigindo dos indivíduos.
Quando educadores e psicólogos apresentam o “aprender a aprender” como síntese de uma educação destinada a formar indivíduos criativos, é importante atentar para um detalhe fundamental: essa criatividade não deve ser confundida com busca de transformações radicais na realidade social, busca de superação radical da sociedade capitalista, mas sim criatividade e termos de capacidades de encontrar novas formas de ação que permitam melhor adaptação aos ditames da sociedade capitalista.
A assim chamada sociedade do conhecimento é uma ideologia produzida pelo capitalismo, é um fenômeno no campo da reprodução ideológica do capitalismo. Assim para falar de algumas ilusões da sociedade do conhecimento é preciso primeiramente explicitar que a sociedade do conhecimento é, por si mesma, uma ilusão que cumpre uma determinada função ideológica na sociedade capitalista contemporânea.
A função ideológica desempenhada pela crença na assim chamada sociedade do conhecimento seria a de enfraquecer as criticas radicais ao capitalismo e enfraquecer a luta por uma revolução que leve a uma superação radical do capitalismo, gerando a crença de que essa luta teria sido superada pela preocupação com outras questões “mais atuais”.
Também é preciso conhecer as relações entre o “aprender a aprender” e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento, que na visão de Duarte essa sociedade não existe, pois a sociedade na qual vivemos não deixou de ser essencialmente uma sociedade capitalista. São cinco as ilusões:
* Primeira ilusão: o conhecimento nunca esteve tão acessível como hoje, isto é, vivemos numa sociedade na qual o acesso ao conhecimento foi amplamente democratizado pelos meios de comunicação, pela informática, pela internet, etc.
* Segunda ilusão: a habilidade de mobilizar conhecimentos é muito mais importante que a aquisição de conhecimentos teóricos principalmente nos dias de hoje quando já estariam superadas as tentativas de elaboração de grandes sínteses teóricas sobre a historia, a sociedade e o ser humano.
* Terceira ilusão: o conhecimento não é a apropriação da realidade pelo pensamento, mas sim uma construção subjetiva. O que confere validade ao conhecimento são os contratos culturais onde o conhecimento é uma convenção cultural.
* Quarta ilusão: os conhecimentos têm todos o mesmo valor, não havendo entre eles hierarquia quanto à sua qualidade ou quanto ao seu poder explicativo da realidade natural e social.
* Quinta ilusão: o apelo à consciência dos indivíduos constitui o caminho para a superação dos grandes problemas da humanidade. Essa ilusão contém uma outra na qual se apóiam as concepções idealistas de educação que prega que os grandes problemas da humanidade são conseqüências de determinadas mentalidades.
Essas idéias têm sido amplamente aceitas e tem exercido fascínio sobre os intelectuais dos dias de hoje, mas é preciso estar atento para não cair na armadilha idealista que consiste em acreditar que o combate às ilusões pode, por si mesmo, transformar a realidade que produz essas ilusões.

Educação e tecnologias

A informática educacional é uma ferramenta que pode ampliar os conhecimento dos alunos.

A história do computador em minutos

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Lousa digital, carteiras eletrônicas e animações em 3D: Ferramentas da escola do futuro

07.08.2008

No quadro negro, as imagens se movimentam com o toque das mãos. Nas tradicionais carteiras, além de cadernos e lápis, as crianças podem acessar a internet. A cena que parece ser de um filme de ficção científica está mais real do que se imagina. Essas e várias outras tecnologias já estão sendo utilizadas em escolas brasileiras.

Em Pelotas (RS), a Escola de Ensino Fundamental e Médio Mário Quintana já aderiu às lousas digitais desde junho do ano passado. Segundo a professora de língua portuguesa da escola, Thaís de Almeida Rochefort, a ferramenta permitiu que os alunos dessem “vida aos conhecimentos”. “Assuntos antes tratados de maneira menos interativa, agora fazem com que os alunos se sintam parte deles, co-autores”, explica.

Ela e outros professores têm recebido treinamentos constantes para se adaptar à nova tecnologia. “A cada aula descobrimos novas possibilidades de tornar a escola mais próxima e significativa”, conta, ao ressaltar que a reação dos alunos não poderia ser mais positiva.
Um exemplo de programa que pode ser utilizado na lousa digital é o software em três dimensões. Com ele, os professores podem elaborar aulas interativas, revelando o interior de uma célula, o relevo de um mapa, ou até mesmo os músculos do corpo humano. Basta, por exemplo, tocar o dedo na tela para o sistema solar aparecer e se movimentar.

Já no município de Serrana (SP), cidade próxima a Ribeirão Preto, as carteiras eletrônicas são a novidade. Conhecidas como Lap Tup-niquim, elas dispõem de uma tela sensível a toques, sobre a qual se pode escrever, fazer desenhos ou equações. O tampo pode ser levantado, e abaixo dele fica um teclado, caso seja necessário digitar. A CPU do computador fica acoplada embaixo da carteira.

Desenvolvidas em parceria pelo Centro de Pesquisas Renato Archer (Cenpra), de Campinas, instituição do Ministério da Ciência e Tecnologia, e pela Associação Brasileira de Informática (Abinfo), empresa abrigada na Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec), cerca de 300 carteiras eletrônicas já estão sendo utilizadas na Escola Municipal Maria Celina. De acordo com Victor Mammana, idealizador do projeto, o diferencial da carteira é justamente a superfície de interação. “Como diz Bill Gates, a próxima revolução não será de conteúdo nem da forma de apresentá-lo, mas, sim, da maneira como o corpo humano irá interagir com a tecnologia”, afirma. O projeto tem apoio da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação.

(Renata Chamarelli)
Site:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/journalContent.action?editionId=2&categoryId=1&contentId=17